A Mulher Lilás

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

As Forças Armadas nas ruas

Arrepia-me todas as vezes que ouço alguém sugerindo que as Forças Armadas sejam responsáveis pela segurança publica, especialmente no Rio e Janeiro. Os Comunicadores e outros formadores de opinião “sem noção”, repetem um discurso cansativo e irresponsável. Só quem não viveu no Rio nos bons tempos em que se podia ir aos morros sem a menor preocupação com a violência ou perigo repetem estas sandices.Com certeza nas fileiras das Forças Armadas, “servindo” ao Exercito brasileiro, não estão seus filhos nem os filhos de personalidades influentes no cenário nacional. Procuro nas fileiras militares os soldados filhos de políticos, empresários, banqueiros e os encontro nas boates e praia do litoral armando confusões e repetindo:”Sabem com quem está falando ? ”.
Lembro-me ainda sem saudosismo, todos os domingos, após a missa na Cruzada pela Infância do Leme, duas adolescentes 13 e 15 anos se dirigiam ao morro de Santa Teresa, no centro da cidade.
Iam almoçar na casa do Tio Neves as costeletas de porco com farofa e maionese ou a famosa galinha ensopada e macarrão com queijo. Depois de saborear a sobremesa, era de praxe, visitar as outras tias de Hildinha, esse era o nome de uma das meninas. Respeitosamente, as duas entravam nos perseguidos Centros Espíritas e Terreiros de Candomblé, normalmente dirigidos por tias e tios a quem todos respeitavam, menos pelos poderes mágicos, mais pela afinidade de parentesco. Sempre que podiam, ficavam ate o término das Sessões para assistirem maravilhados os encontros dos “fundos de quintal”, onde ouviam em primeira mão os sambas de raiz, muitos dos quais futuros sucessos, ali ouviam também os “partidos-alto” e iam aprendendo a fazer rimas e a “dizer o samba no pé”.
Nas escolas publicas aconteciam as mais incríveis convivências.Filhos de políticos, empresários, médicos, dentistas, faxineiros, porteiros, ou motoristas não raramente, estavam sentados lado a lado nas salas de aulas e partilhavam as merendas oferecidas pelo governo.
Mingaus de sagu, macarrão com carne moída, mingaus de fubá macarrão com salsichas eram as delicias da garotada que repetia sempre. A Caixa Escolar, era incumbida de trazer o uniforme e o material escolar, aos que não podiam comprar e todos andavam impecavelmente limpos e escovados. Não é saudosismo.
A bem da verdade, o Rio de Janeiro era a Capital Federal e apesar de vivermos uma ditadura Estávamos na famosa Era Vargas e ainda não se roubava do social os desvios eram por contas de outras obras.
Observem as mudanças que ocorreram, e os atores sociais foram substituídos. O cenário nos morros já não é o mesmo, no entanto, os dramas e comedias continuam a acontecer, agora como incríveis e aceleradas seqüências de normas onde os personagens mais a necessidade dramática e os obstáculos criam os vários conflitos e as ações pensadas por um autor completamente louco, escrevendo muitas vezes perversamente, folhetins que parecem inverossímeis, baseados em historias inacreditáveis .
Os personagens em suas atuações, são o resultado da desordenada migração para a Cidade Maravilhosa, a necessidade dramática é o “jeitinho brasileiro” de sobreviver aos obstáculos que resultam no conflito necessário para as ações desencadeadas no dia a dia .
Vamos combinar que por exemplo as ações desastradas apontadas nas estripulias políticas do tal Cimento Social, acrescidas da promiscuidade de jovem oficial do Exercito com os traficantes deixaram bem claro que não tem nada a ver a intervenção das forças Armadas. É o conflito inútil.
As Forças Armadas não se prepararam quando podiam, com as Ações Sociais que dispunham ativas há tempos atrás, as ( Ação Cívico Social - ACISOS}.
Lamentavelmente os jovens que recentemente morreram para satisfazer vaidades, foram coadjuvantes que deixaram um grito preso na garganta e as mortes/vidas transformadas pela dor num enorme sentimento de injustiça. As favelas e comunidades continuarão a despejar obrigatoriamente nos quartéis os seus pobres meninos, negros e mestiços, nordestinos e atormentados. Alguns “comunicadores” continuarão arrogantes e burros vociferando nas emissoras de rádios que estão no ar com as nossas concessões. “Precisamos colocar as Forças Armadas nas ruas”.

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